terça-feira, 7 de junho de 2016

confinamento de gado e suas propriedades

Nós somos o que comemos. Mas e o gado? Será que ele é o que come? A dieta do animal tem grande influência sobre as características da carne, alterando cor, maciez, tempo de prateleira e, principalmente, o teor e a composição de ácidos graxos. Para entender como a alimentação dos animais afeta a qualidade, é preciso saber um pouco mais sobre a criação deles.
 De acordo com Walter Motta, professor titular do curso de Zootecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo ponto de vista da produção, as práticas de criação podem ser intensivas, semi-intensivas e extensivas. A diferença principal da caracterização desses sistemas é quanto ao grau de liberdade e densidade do animal por área ocupada.

“O sistema intensivo vai restringir um pouco mais a mobilidade do animal, mesmo ele tendo um espaço menor, sendo confinado, tem que haver conforto para que a produção seja bem-sucedida. O sistema extensivo é aquele visto mais comumente, o gado fica livre no pasto natural. Apesar de o gado ficar livre, é preciso ter segurança para ele, é um sistema denso, pode aumentar os riscos de problemas derivados da superpopulação. O semi-intensivo é o meio termo”, explica o zootecnista.

Alimentação e criação
 O tipo de alimentação do animal, a qualidade e a maciez da carne de consumo estão diretamente relacionados ao seu método de criação. O gado do sistema intensivo, por estar preso em pequenos espaços, alimenta-se de ração específica, suplementos e água em cochos, recebe cuidados veterinários com frequência e existe a preocupação com a genética. Neste tipo, a carne produzida é macia porque a atividade física do animal é menor.

No extensivo, prática mais brasileira, o gado é criado solto, em pastagens nativas, alimentando-se de capim e grama. A carne é mais dura devido à musculatura mais rígida do animal. A qualidade do pasto vai depender das condições climáticas.

“O gado solto se movimenta mais e tem a carne mais dura por desenvolver sua musculatura ao subir e descer morros para procurar comida. Mesmo no intensivo, o animal não pode ficar imóvel, ele tem que se exercitar para criar atividade muscular para o seu desenvolvimento. Mas a musculatura não significa que a qualidade da carne seja ruim, isso depende do alimento consumido e do manejo”, informa Walter.

Composição da carne

O zootecnista da UFMG destacou que alguns componentes da carne podem ser afetados com a alimentação dos animais, mais propriamente o teor da gordura comparado aos outros componentes. A intensidade dessa mudança dá-se através da espécie do animal. O que é possível manipular é a quantidade de tecido magro em relação ao tecido gorduroso.
 “O objetivo da zootecnia é primar pela segurança alimentar do homem ao formular a dieta dos animais e garantir os produtos com segurança e sabor. Você pode aumentar ou diminuir o volume da carne e alterar a composição e a qualidade da gordura, que proporciona segurança e melhora na relação dos ácidos graxos. Há a modificação da qualidade da gordura porque no intensivo, por exemplo, os animais consomem grãos ou derivados, alimentos saudáveis”, comenta.
Walter complentou dizendo: “A criação intensiva tem uma dieta energeticoproteica mais elevada, comparada ao animal do pasto, devido à inclusão de grãos. Há uma ilusão de se dizer que os animais recebem hormônios inseguros para a alimentação humana, mas isso não é verdade. Como há dúvida quanto à eficácia, isso foi banido”.
Na alimentação do homem, existem basicamente dois tipos de gorduras, as saturadas e insaturadas. As saturadas têm glóbulos gordurosos maiores e podem proporcionar problema no processo digestivo humano. Os animais ruminantes, que estão consumindo os produtos vegetais, têm um processo de saturação, então a gordura será saturada. Nas aves e suínos, as gorduras têm um grau de insaturação maior.
“O que faz mal é consumir muita gordura, seja ela de que tipo for. A gordura saturada tem mais problema do que a insaturada. As gorduras insaturadas são as que proporcionam os ácidos graxos das famílias ômega-3 e ômega-6, deles derivam a imunidade de uma forma geral. É importante consumir gorduras de forma moderada, é essencial na dieta do homem”, conclui o zootecnista".


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